O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, é com certeza o filme brasileiro mais hypado do ano. Mas o que realmente significa o desfecho do novo longa estrelado por Wagner Moura, e há alguma cena pós-créditos escondida para quem esperar até o fim?
A Verdadeira Sinopse de O Agente Secreto
No núcleo central da trama, descobrimos que o enigmático Marcelo, interpretado por Wagner Moura, é na verdade Armando, um ex-professor universitário de tecnologia perseguido durante a ditadura civil-militar brasileira.
Sob um falso nome, ele retorna escondido ao Recife, onde ele encontra duras memórias, mas também uma cidade efervescente de cultura, entre o carnaval e pernas cabeludas.
Operando como um suspense, boa parte do charme desse filme é ir descobrindo os seus segredos aos poucos. Mas se você realmente quer spoilers de O Agente Secreto, agora vem o grosso.

Armando carrega uma dor que o define: sua esposa Fátima (Alice Carvalho) foi assassinada a mando de um alto funcionário da Eletrobras, Ghirotti (Luciano Chirolli), símbolo vivo da corrupção e do autoritarismo da época.
Assim, a missão secreta do herói é reunir os documentos necessários para que ele consiga fugir do país levando seu filho.
Confira nossa resenha rápida:
Quando o bicho pega
Durante o desenrolar da história, Ghirotti contrata dois matadores — Bobbi (Gabriel Leone) e Augusto (Roney Villela) — para eliminar Armando, mas a execução acaba sendo terceirizada para um criminoso local, Vilmar (Kaiony Venâncio).
Esse movimento leva a uma espiral de caos e violência, culminando em um corte brusco, que marca a transição do passado para o presente, um salto temporal que desconcerta e amplia a dimensão política do filme.
O que acontece no final
Décadas depois, conhecemos Flávia (Laura Lufési), uma estudante de História que pesquisa o legado de Elza (Maria Fernanda Cândido), antiga colaboradora de Armando e integrante de uma rede de resistência.
Pelas gravações e arquivos que estuda, ela descobre que Armando foi assassinado, vítima direta do sistema que tentou combater.
Flávia viaja a Recife e encontra Fernando — agora um médico de meia-idade, também vivido por Wagner Moura —, que revela não ter memória alguma da infância nem do pai.
O elo entre eles, sutil e doloroso, indica que Fernando é o filho que Armando tentou resgatar antes de sua morte. Essa conversa final, entre o esquecimento e a história, levanta um dos temas principais do filme: a memória.
Assim, se você perceber, o filme todo trouxe momentos onde personagens lembram de coisas e contam o que viveram.
Em outra camada o filme trabalha as possibilidades do contar história como ficção. Afinal, quem ouve, imagina cenas, e nos cinema estas cenas se tornam imagem.
Será que no final, a história que acompanhamos foi a verdade de Armando, ou apenas como Flavia imaginou?
Tem cena pós-créditos?
Não. O Agente Secreto não possui cena pós-créditos, encerrando sua narrativa no silêncio que sucede o último diálogo. Mas, de certa forma, o próprio epílogo, com a pesquisa de Flávia e o reencontro com Fernando, atua como uma cena final espiritual, um pós-crédito simbólico que reafirma o tema de memória, apagamento e resistência no Brasil.
Em vez de uma reviravolta explícita, Kleber Mendonça Filho entrega um eco político, mostrando que as feridas da ditadura permanecem abertas e que o esquecimento pode ser tão violento quanto a repressão.
O Agente Secreto — dirigido por Kleber Mendonça Filho, com Wagner Moura, Hermila Guedes, Tania Maria e Thomás Aquino — é distribuído pela Vitrine Filmes e tem duração de 122 minutos. Fora do Brasil o filme é conhecido como The Secret Agent.

